Praia Grande, cidade turística localizada a menos de 80 km da Capital (SP), vem apresentando altos índices criminais. O que poderá estar causando isso? O que faz com que pessoas se tornem criminosas? O que poderá estar faltando tanto assim em suas vidas? Por que perdemos nossos entes queridos e amigos (como vítimas ou como agentes deles) para o crime? Por que policiais estão sendo executados na região? Porque casas são arrombadas e furtadas? Por que, enfim, uma estância que deveria ser tranquila, calma e sossegada passou a ser notícia nas reportagens policiais?

Bem, eu, por mais que queira responder a todas essas perguntas fico sem ação neste momento... mais que isso: fico triste e pasmo.

Alguns anos atrás eu chorei dentro de um bar (à beira do balcão) ao ouvir o relato de um amigo (também negro) que tem um filho envolvido no crime. Ele também chorou, claro, ao relatar:

num bar

 

 

 

“Cara, você sabe sobre o meu filho,... dia desses eu encontrei uma “fita cassete” com uma gravação da voz dele – pequenininho ainda – cantando uma “musiquinha” que ele tinha aprendido na escola, ele tinha só 5 aninhos e toda uma inocência e esperança nessa vida... erameu amigo...”

(pausa para um gole de cerveja)

“...Hoje ele some de casa por dias, meses... vem vagabundo em casa chamando por ele, vem a polícia... a gente só pode rezar e pedir pela vida dele...

(pausa para outro gole)

 

Eu e a mãe dele demos de tudo pra ele – tudo que estava no nosso alcance, principalmente amor, carinho, atenção, estudo... É nessas horas que a gente se pergunta onde foi que erramos?...”

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Creio que, apesar de essa não ser efetivamente uma resposta, ela possa nos remeter a um passado não muito distante. A um tempo em que determinação familiar garantia (com certeza) o futuro das nossas crianças. Um exemplo clássico disso é a educação determinante e assertiva que os orientais (especialmente os japoneses) cobram de seus pupilos.

família é tudoFamília, família, família... Essa é a palavra!

Fica difícil “inventar” desculpas para um desvio psicossocial de alguém que tenha recebido uma boa educação familiar. E mais ainda: não tem tanta influência a condição econômica em si, pois, todos podem se adaptar às suas próprias e reais condições financeiras sem se deixar abalar pelo “consumismo” e, caso isso os venha a preocupar, basta que encontre uma forma “legal” e “correta” de solucionar isso... trabalhando, por exemplo, fazendo algumas economias... avisando com antecedência aos familiares para que eles se programem e se preparem para tal despesa.

Desde que o mundo é mundo e que o “consumismo” passou a fazer parte de nossas vidas, sempre existiram produtos com preços adequados para todas as classes sociais e sempre foi possível se vestir com roupas apresentáveis, cortar os cabelos pagando preços populares, comprar sabonetes, shampoos e perfumes de marcas inferiores, estudar devidamente uniformizado, enfim, querendo é possível viver dessa forma, e, principalmente, admitir (para si, mesmo como forma de reconhecimento) sua condição sócio financeira.

o querer e o poderPorém, essa colocação pode ser rebatida pelo fato de que os pré-adolescentes, adolescentes e jovens em geral (frente ao grande desenvolvimento comercial e tecnológico de “algumas” nações) desenvolvem uma pré-disposição para “assimilar” aquilo que ainda não os pertence.  E isso (permeado com hormônios à flor da pele, com o(a) amiguinho(a) que já tem tal peça de vestuário ou calçado, ou ainda uma novidade eletrônica inédita) pode despertar uma necessidade “urgente” de ser “parecido” (igual jamais – considerando aqui os verbos “poder” e “querer”), o que, com o “viajar inocente de suas mentes”, produz uma “vontade de posse” irreversível.

 

 

 

eu vou terÉ justamente aí que reside o maior problema: “Eu quero um igual”; “Eu tenho que ter um igual”; “Porque minha família é tão pobre?”; “Não quero nem saber. Eu vou ter um “negócio” desses.”

Perceberam que a palavra “família” está presente nestes questionamentos? Concordam comigo quando eu disse que essa é a “palavra”?

 

 

 

* imagens meramente ilustrativas - não se relacionam com fatos e/ou pessoas citados nesta matéria e podem possuir direitos autorais.

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Então, agora, que tal analisarmos a situação de Praia Grande?

2010

Nos três primeiros meses do ano, Praia Grande registrou índices de violência maioresque o da Capital Paulista. Praia Grande (com 254 mil habitantes) teve aproximadamente 16 homicídios para cada 100 mil habitantes contra 376 cometidos em São Paulo (com quase 11 milhões de habitantes). 

Enquanto em São Paulo houve aproximadamente 17 homicídios para cada 100 mil habitantes, Praia Grande teve o índice de aproximadamente16 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Em termos proporcionais (quantidade de habitantes), Praia Grande teve incríveis quase 400% crimes a mais que na Capital.

A base é:

Capital (São Paulo) com 11 milhões de habitantes: 3,4 crimes a cada 100 mil habitantes;

Praia Grande (litoral de SP) com 254 mil habitantes: 16 crimes a cada 100 mil habitantes;

Bastantes são os esforços das lideranças políticas regionais bem como das secretarias responsáveis pela segurança pública para a adequação de uma polícia eficiente que seja permeada dos valores morais e éticos, no contexto (referentes aos turistas em geral) bem como dos legislativos (atrelados à orientação e educação da população regional).

Não há dúvidas que o elevadíssimo índice de crimes na cidade está diretamente relacionado à falta opções de trabalho e renda o que leva os habitantes (desesperados e necessitados) a buscar novas formas de sobrevivência. Infelizmente só encontram o crime, pois, este está mais acessível.

Comenta-se que a elevação nos crimes pode ter relação com o tráfico de drogas. "O maior fator é o entorpecente". Disse um delegado de polícia, observando não poder dar certeza disso.

Repercussão internacional

Num comunicado por e-mail datado de 23/04/10, o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo fez um “alerta” para que cidadãos norte-americanos evitassem as cidades do litoral sul de São Paulo.

O Jornal Flit Paralisante, de 05/05/2010 apresenta essa chamada para a notícia:

OUTRA PROVA DE QUE O AUMENTO DA CRIMINALIDADE É CAUSADO PELO ESVAZIAMENTO DO QUADRO POLICIAL CIVIL E MILITAR DO INTERIOR E LITORAL PARA A CAPITAL

Quarta-feira, 5 de maio de 2010 – 06h38

Papo com Editores

Região apresenta índices de violência elevados e supera os números da capital paulista

 

Comenta-se também que em 2011 houve pequena queda nesses números.